Clarissa Reche

Antropologia, RAFeCT, Todos - Blog

Pelo Florescimento de Ciências Feministas: Distribuindo Sementes a Partir da Rede RAFeCT

É com muita felicidade que damos início a parceria do blog da RAFeCT com a Platypus, o blog do CASTAC (Committee for the Anthropology of Science, Technology & Computing, General Anthropology Division, American Anthropological Association). A Platypus é uma plataforma que figura como ponto importante para a articulação da comunidade científica interessada em Science and Technology Studies (STS) ao redor do mundo. Nesta parceria inédita levaremos quatro posts de nossas integrantes para a Platypus, que são publicados em inglês, espanhol e português, um por mês a partir deste mês de setembro. Confira abaixo o post de apresentação publicado na Platypus. Acompanhe esta série, está imperdível! Boa leitura.       Há pelo menos quatro décadas, pesquisadoras feministas questionam a ciência, lançando as bases para uma crítica que se mostra cada vez mais fundamental e urgente. Em um cenário político e científico cada vez mais árido, tenso e hostil às lutas por transformação e justiça social, é com grande alegria e entusiasmo que apresentamos esta série de quatro posts, escritos por antropólogas feministas brasileiras e destinado a leitores acadêmicos especializados em STS, bem como a leitores de redes feministas mais amplas e comunidades ativistas de base. A Rede Latino-Americana de Antropologia Feminista da Ciência e Tecnologia (RAFeCT) é um coletivo de pesquisadoras, ativistas e profissionais latino-americanas comprometidas com a disseminação de perspectivas feministas e interseccionais. Nossa rede é um espaço de acolhimento, troca de conhecimento e conexão entre academia, movimentos sociais e outras áreas do conhecimento. Desenvolvemos estudos de ciência e tecnologia a partir de uma perspectiva parcial, situada e interseccional. Uma perspectiva ética e responsável, com foco na promoção da justiça social, da equidade de gênero e no combate à opressão estrutural. Nos pautamos por princípios de criatividade, afetividade e cuidado, cultivando teorias e ações feministas críticas que sejam transinclusivas, antirracistas, decoloniais, anticapacitistas, anti-LGBTQIAPN+fobia e anticapitalistas. A rede começou a ser gestada em 2023, durante o 14º Encontro de Antropologia do Mercosul (RAM, Brasil) e o 9º Encontro de Antropologia da Ciência e Tecnologia (ReACT, Brasil). O desejo de estabelecer a rede está enraizado no fato de que nosso campo de atuação na América Latina é altamente masculino e hostil, apesar do trabalho feminista e de mulheres ser fundamental para seus fundamentos. Entendemos que a academia como um todo continua prejudicial a alguns pesquisadores e a certos tópicos de pesquisa. Também reconhecemos que a heterocisnormatividade hegemônica da antropologia limita sua criatividade. Somos muitas, diversas e operamos de maneiras diferentes. O trabalho em rede é essencial para construir pontes entre a resistência feminista dentro e fora da academia, criando um espaço onde possamos denunciar e combater diversas formas de opressão, como sexismo, racismo, LGBTQIA+fobia e outras. Trabalhamos para garantir que as vozes, pesquisas e experiências de mulheres e pessoas dissidentes de gênero, especialmente aquelas em condições marginalizadas, possam ser evocadas, ouvidas e respeitadas. Nossas ações são um passo importante para transformar o campo acadêmico e científico, tornando-o mais inclusivo e comprometido com a equidade. Atualmente somos mais de 28 grupos de estudo e laboratórios, além de 67 pesquisadoras, integrando disciplinas como antropologia, arqueologia, saúde pública, ciência da computação, artes, e com representantes de todas as regiões do Brasil, além de Argentina, Chile e Colômbia. A rede promove espaços de conversação e apoio, organizando eventos, grupos de discussão e seminários, além de fortalecer a produção e a circulação do conhecimento feminista. Esperamos continuar expandindo nossa rede, fortalecendo nossos laços com movimentos sociais feministas e outras áreas de atuação, e consolidando nossa presença em espaços estratégicos de tomada de decisão, tanto na academia quanto fora dela. Também pretendemos promover mais eventos, publicações, encontros e cursos em programas de graduação e pós-graduação sobre os temas discutidos e as teorias que fundamentam o STS feminista. Buscamos influenciar políticas públicas e transformar o campo da ciência e tecnologia em um ambiente mais acolhedor e inclusivo. Acreditamos no florescimento da ciência feminista. Um dos nossos modestos, mas significativos passos em direção a esse sonho é a criação e manutenção do nosso blog, lançado em maio de 2025 e que conta com a colaboração de antropólogas da rede. Esta iniciativa foi inspirada pela experiência acumulada da Platypus em divulgação científica. O espaço agora hospeda esta série especialmente preparada para circulação entre nossos colegas do CASTAC. Eu, Clarissa Reche, fui curadora desta série. Sou editora colaboradora da Platypus e membra da RAFeCT. Como cientista social especializada em STS feminista, atualmente estou recebendo uma bolsa de um programa do governo brasileiro que promove e capacita jornalistas científicos. Esta bolsa me permite trabalhar com a rede na criação e manutenção de infraestrutura digital, incluindo a edição do blog da RAFeCT. Nesta série de quatro posts, apresentamos uma pequena amostra do trabalho de antropólogas feministas brasileiras que atuam na área da antropologia da ciência e da tecnologia. Nossa intenção é abrir caminhos de diálogo e troca com outras colegas que lutam e pesquisam ao redor do mundo, sonhando, como nós, com uma ciência diferente. Sabemos das dificuldades de circulação do nosso trabalho, que enfrenta barreiras nacionais e regionais, mas estas são incomparáveis ​​ao enorme desafio de circular internacionalmente nossa produção científica e intelectual no centro do mundo. Por isso, é com grande alegria que compartilhamos nosso trabalho — do qual muito nos orgulhamos por sua qualidade e relevância — nesta janela para o mundo que é a Platypus. Abrimos a série com um texto de Ana Manoela Primo dos Santos Soares, pesquisadora indígena do povo Karipuna e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA, Brasil). O texto narra sua trajetória desde a infância como única aluna indígena em uma escola particular de Belém (Pará, Brasil) até sua formação acadêmica e política, influenciada pela mãe e pela avó, que preservaram a língua, a história e a luta coletiva de seu povo. Ana Manoela desafia a noção ocidental de “feminismo indígena” e afirma a existência de um “mutirão de mulheres”. Essa prática coletiva também guia sua antropologia. Nosso segundo post é de Juliana Vieira, doutoranda em

Pelo Florescimento de Ciências Feministas: Distribuindo Sementes a Partir da Rede RAFeCT Read Post »

Antropologia, Tecnociências

Olá Mundo

Olá! Esse é o blog da RAFeCT. Um espaço dedicado ao fomento de discussão e intercâmbio sobre estudos antropológicos da ciência e tecnologia a partir de perspectivas feministas e latinoamericanas. Para não perder nenhum post, vá até o rodapé, assine nosso site e receba no email todas as atualizações. Nos vemos em breve =)

Olá Mundo Read Post »

Rolar para cima