10ª ReACT está com inscrições de trabalhos aberta: confira os STs propostos por participantes da RAFeCT

A 10ª Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia, que acontecerá de 6 a 10 de outubro na UERJ, no Rio de Janeiro, está com inscrições abertas para propostas de apresentação de trabalho nos Seminários Temáticos (STs) até dia 09 de junho de 2025.  Confira abaixo os STs coordenados por integrantes da RAFeCT:

 

ST 13: Coproduções contemporâneas: intervenções biotecnológicas sobre o corpo, gênero e sexualidade
Coordenador(a) Fabíola Rohden (UFRGS), Fernanda Vecchi Alzuguir (UFRJ), Marina Fisher Nucci (UERJ)

Descrição: Em continuidade ao diálogo iniciado em edições anteriores da ReACT, propomos reunir pesquisadore/as que reflitam sobre intervenções biotecnológicas que incidem sobre corpos, gênero e sexualidade, colocando em debate as diversas esferas envolvidas na construção e difusão do conhecimento e nas práticas de gerenciamento de gênero, sexualidade e saúde na contemporaneidade. Além disso, estimulamos trabalhos que abordem a articulação de marcadores como classe e raça às reflexões sobre gênero e sexualidade a partir de uma perspectiva interseccional. Interessam-nos, assim, discussões que se aproximem do referencial teórico dos estudos sociais de ciência e tecnologia, estudos antropológicos, bem como investigações que explorem críticas feministas à tecnociência e a problematização de distinções que reiteram hierarquias de gênero, tais como natureza e cultura. Destacamos a relevância de pesquisas sobre a proeminência dos discursos que privilegiam os hormônios nas explicações sobre os corpos, comportamentos e subjetividades, que parecem se sobrepor a outros modelos de explicação, tanto no discurso científico quanto na divulgação para o público mais amplo. Tais perspectivas têm rendido vigorosas análises sobre temas como envelhecimento, reprodução assistida, transexualidade, intersexualidade, as chamadas disfunções sexuais, entre outros, e os novos desenvolvimentos tecnocientíficos, desde a produção de diagnósticos aos fármacos para a administração bioquímica de si visando aprimoramento.

 

Coordenador(a) Ana Claudia Rodrigues (UFPE) e Fabiana Maizza (UNIFESP)
Descrição: O ST procura discutir questões relacionadas ao cuidar interespecífico e suas tensões. Como bem colocado por Maria Puig de la Bellacasa, o cuidar exige fazeres práticos e políticos, mas também se confronta com “problemas inescapáveis de existências interdependentes”. Assim, gostaríamos de dialogar com etnografias multiespécie onde o cuidar não revela harmonia, mas sim dissidência. O ST tem como inspiração os estudos acadêmicos feministas onde é preciso dialogar sem concordar, sem a busca do consenso, sempre através de conexões parciais. Nos interessaremos também por trabalhos que colocam questões para as próprias teorias feministas multiespécie, tensionando, por exemplo, essas teorias com questões raciais – nas mesmas linhas que o feminismo negro desafia as políticas do feminismo social-marxista desde pelo menos 1980. A proposta visa igualmente pensar transversalmente questões ecológicas e raciais, acionando tanto questões do cuidar multiespécie como do cuidar negro (Hilll Collins). Nos interessaremos pelo conceito de respons-habilidade de Donna Haraway, em busca de conexões entre ontologias negras e políticas multiespécie.

 

ST 20: Encontro de Saberes e Ações Afirmativas – Transversalidades e Experiências
Coordenador(a) Isabel Santana de Rose (UFSC), Edgar Rodrigues Barbosa Neto (UFMG), Tiago Heliodoro Nascimento (USP)

Descrição: Este seminário pretende reunir reflexões de natureza etnográfica, político-pedagógica e epistemológica tendo por objeto as experiências de encontro de saberes, políticas de ações afirmativas e outros encontros complexos englobando diferente tipos de iniciativas, tais como: 1) aquelas direcionadas para inclusão de mestres do conhecimento tradicional como professores; 2) as que envolvem estudantes matriculados em cursos de natureza intercultural; 3) as de estudantes que acessaram a universidade por meio de políticas de ação afirmativa ou vestibular diferenciado; 4) aquelas ligadas às formas de aprimoramento e fiscalização das políticas afirmativas, como as comissões de heteroidentificação racial. Nosso objetivo central é examinar as consequências desses encontros sobre as práticas de conhecimento e as formas de organização acadêmicas, e os diferentes modos em que esses encontros são implementados por seus participantes nos contextos fora da universidade. O debate em torno dos “riscos” implicados é parte fundamental da proposta: de um lado, um “verticalismo hierarquizante”, que apenas inverteria a posição respectiva de saberes acadêmicos e não acadêmicos; de outro, um “horizontalismo democratizante”, supondo que as relações entre esses saberes são de mera equivalência e que, no fundo, as diferenças não importam. Nesse sentido, nossa sugestão é um esforço para pensar a relação entre saberes heterogêneos enquanto heterogêneos numa experiência de “transversalidade criativa”.

 

ST 22: Etnografando tecnociências capitalistas: infraestruturas da reprodução de capital e utopias do econômico
Coordenador(a) Anna Catarina Morawska Vianna (UFSCar), Gustavo Gomes Onto (IBRE), Barbara Moraes (UFRJ)

Descrição: O valor recente das BigTechs ilustra as transformações pelas quais têm passado os arranjos sociotécnicos que sustentam processos de reprodução capitalistas. Arranjos produtivos, cadeias de distribuição e formas de regulação e governo modificam-se não apenas em resposta às mudanças tecnológicas, mas como parte dos próprios sistemas de funcionamento da expansão capitalista e dos seus modos de conversão, tradução, formalização. Este ST discute etnografias que se dedicam a compreender formas de reprodução de capital e concentração de riqueza a partir de arranjos sociotécnicos, associando, por exemplo, infraestruturas tecnológicas e materiais, saberes científicos, expertises e modelos de gestão, teorias e utopias do econômico, tecnicalidades jurídicas, procedimentos burocráticos, concepções sobre a natureza e a ecologia, formas e sentidos da quantificação e moralidades particulares. No cruzamento de áreas da antropologia, como ciência e tecnologia, economia, políticas públicas, direito, ecologia, entre outras, o ST acolhe trabalhos que investiguem, por exemplo, a constituição e regulação de novos mercados, como o de biocapital (carbono, hidrogênio, bioinsumos, agrotech); criptoativos, IA e dados; empreendedorismo e diversidade, assim como a organização de sistemas de pagamentos e novas modalidades de crédito e dívida. O objetivo é que os trabalhos estejam investidos em pensar o encontro entre inovações tecnológicas e formas contemporâneas de produção e reprodução de capital.

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